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Uma história inacabada 1
 

Por Rodrigo Munari e Ketlin Patrícia.


Contraditorionópolis, era um povoado pacato naquele ano de 1820. Leste bem, era.
Cravado em um vale rodeado de belos morros, possuía as estações do ano bem definidas: no inverno fazia frio; no verão calor; no outono as folhas das árvores caíam; na primavera nasciam flores, tudo bem certinho.
A geografia do lugar era perfeita, a água limpa e abundante, as terras aráveis e férteis, bem como o sol e a chuva, que alternavam as suas presenças respeitosamente, fazendo das plantas e animais que ali viviam, seres saudáveis e potentes. Tudo se complementava, a engrenagem funcionava bem.
Ao redor do ano de 1700, chegaram vindos sabe-se lá de onde, os humanos. Filhotes, fêmeas e machos. Apaixonaram-se pelo lugar. Eles traziam na bagagem algumas ferramentas que usariam na construção das suas moradas, no preparo das suas lavouras, no corte das árvores, no feitio dos poços e na produção de coisas diversas. Traziam armas também.
Foi aí que a engrenagem sofreu seu primeiro solavanco, os humanos agiam como se não fizessem parte daquela estrutura ecológica, a relação era de apropriação e transformação.

Havia um bando que parecia ser mais especial, pois todos os outros humanos quando chegavam perto deles, se curvavam e faziam um gesto de reverência com os braços e mãos. O nome do humano macho que parecia ser o líder, era Rei ou Majestade, ou os dois.

Ele tinha ao seu lado um humano fêmea, a Rainha, que também era chamada de Majestade. Ambos, os Majestades, tinham uma ninhada de filhotes que eram chamados de príncipes e princesas, e cada um atendia por um apelido: Niburço, Nacleto, Nastácio, Nardete, Varlete e Chacrete, esta última, uma dançarina.
Os humanos organizaram-se em bandos chamados família, construíram casas, um templo onde realizavam uns rituais meio loucos, falavam com um ser que ninguém enxergava, e foram procriando, formando mais bandos, se espalhando pelo vale.
As coisas foram mudando ao longo dos 120 anos, mas, nada até agora fora tão impactante quanto o surto-pancadônico de janeiro.

O ano de 1820 entraria para a história de Contraditorionópolis.

Seria uma bactéria, um vírus, algum tipo de magia ou uma outra coisa desconhecida? Qual, que ou quem era o agente de toda aquela mudança?


A estação era primavera, quando o Rei logo entrou em contato com os demais da cidade e lhes contou sobre um surto de um certo vírus ainda desconhecido. Depois de dois dias que o anúncio fora feito para a população, um sábio senhor chamado Danúbio, que já havia se aposentado como cientista, entrou em contato com sua antiga equipe de pesquisa, e juntamente com eles, Dan, como era conhecido, descobriu que o mal que acabara de começar se tratava de um vírus maligno, e que poderia trazer muitos transtornos para a pacata cidade.

Correram contra o tempo para tentar descobrir o surgimento e qual a causa daquela enfermidade. Ele e seus companheiros tiveram muitas dificuldades em suas pesquisas pois a cidade não fornecera muitos recursos para a área da saúde. Mas o problema que mais preocupava a eles era o vírus ser invisível a olho nu, e demorariam tempo para a descoberta de uma cura.

Dan foi ao domicílio do Rei e lhe orientou que avisasse aos cidadãos de Contraditorionópolis para que eles por tempo indeterminado ficassem em suas respectivas casas e que apenas em casos necessários se retirassem delas. O Rei sem menos pediu a um serviçal que repassasse o recado para todos da cidadezinha. A população sem compreender do assunto, trancou-se em suas residências e de imediato obedeceram aos recados recebidos. As pessoas com medo do mal passaram dias confinadas e não viram a estação da Primavera passando, aquela beleza que eram acostumados a verem todos os anos. E as plantas florescendo passaram despercebidas. A

cidade ficara vazia, e alguns comerciantes queixaram-se da falta da clientela e sentiram que a economia iria acabar e não sobreviveriam mais. Mas muitos acabaram percebendo que a reaproximação entre as famílias foi algo positivo. E estes compreenderam que acima de tudo o amor prevaleceria, e a solidariedade persistiria. Aos desobedientes os ocorridos não foram muito agradáveis, algumas pessoas quebraram as ordens e foram de imediato hospitalizadas, e infelizmente haviam os que teriam que trabalhar na linha de frente, os médicos acima de tudo

estavam expostos, e corriam o risco de se contaminarem.

Depois de algumas semanas o vírus recebeu o nome de DANVID-01, logo isto, Danúbio e seus companheiros encontraram a cura, e aqueles que estavam infectados melhoraram. Assim a cidadezinha curou-se dessa terrível doença que destruiu tantas famílias. Mas levariam pra sempre a memória do maldito vírus...

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