
Uma história inacabada 2
Por Rodrigo Munari e Gustavo Engelmann
Camilo, era um guri querido.
Tinha 10 anos, cabelos cacheados, pernas finas e falava pouco.
Sua cabeça era cheia de ideias, muitas delas.
Ele era uma pessoa inteligente, mas precisava de concentração e um certo esforço para
se comunicar. Alguns dos seus colegas não o entendiam, mas respeitavam o seu jeito.
Ele era bem sério, quando alguém em tom de brincadeira dizia algo que era pura imaginação, ele não achava muita graça.
Olívia sabia disso, era uma amiga de verdade.
Tinha 10 anos, cabelos compridos e cacheados, pernas grossas e falava muito.
Às vezes, na escola, era ela quem traduzia para os colegas as coisas que Camilo não conseguia expressar direito.
Um dia ele contou para ela, que a cabeça dele era tipo um armário, cheio de coisas meio bagunçadas e, de vez em quando, era um pouco demorado para encontrar a coisa desejada naquela pequena desorganização. Por isso ele se balançava repetidamente, o
movimento contínuo o ajudava a encontrar a coisa dentro da sua cabeça.
Tu sabes o que é TEA – Transtorno do Espectro Autista – ?
A Olívia e o Camilo sabiam bem, ela por ser amiga de uma pessoa com TEA, e ele, por ser uma pessoa com TEA.
Tem uma porção de gente que ainda não sabe: algumas pessoas com autismo tem uma audição mais sensível a sons e barulhos.
Digo isso porque naquela tarde, eles precisaram ser muito espertos.
Então, quando os dois foram para a escola durante a tarde, o filho do diretor, um garoto maldoso, briguento e preconceituoso. Ele não aceitava pessoas diferentes como o próprio Camilo por exemplo.
Olívia e Camilo sabiam de como era o jeito do garoto e tentavam o máximo evitá-lo, mas, naquela tarde Camilo sem querer esbarrou no filho do diretor, que sem pensar duas vezes começou a gritar com o garotinho. Muito assustado, Camilo saiu correndo em direção à diretoria para contar o fato ao diretor, que logo interviu e aplicou uma bela bronca e ainda como se não era suficiente, aplicou uma bela advertência em seu próprio filho para que ele aprenda a respeitar o próximo não importa como ele seja.